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Bullying escolar: reconhecer, acolher e proteger

Bullying não é uma simples implicância entre colegas. Trata-se de uma violência repetida, que pode ser física, psicológica ou social, e que, pouco a pouco, coloca a criança em um lugar de fragilidade e desamparo. É uma situação recorrente, que se instala de forma silenciosa, sem que pais ou professores percebam. As crianças, envergonhadas ou com medo de represálias, se calam. Muitas vezes que não serão compreendidas e aprendem a carregar sozinhas o peso da humilhação.

É justamente por isso que o olhar atento dos pais é tão importante. Mudanças súbitas de comportamento — recusa em ir à escola, pretextos para faltar, quedas no rendimento, isolamento repentino, alteração no apetite ou no sono, queixas físicas sem causa aparente — podem ser sinais de que algo está acontecendo. Ainda que esses sintomas possam ter diferentes origens, quando se apresentam de maneira persistente, merecem investigação.

O impacto do bullying vai muito além do momento presente: atinge o núcleo da constituição subjetiva da criança. Uma infância marcada por repetidas mensagens de desvalorização, exclusão ou ridicularização deixa feridas que se inscrevem na maneira como o sujeito se vê e se relaciona com os outros. As consequências podem incluir ansiedade, depressão, dificuldades de socialização, baixa autoestima e, em casos mais graves, risco de ideação suicida. Não é incomum que essas marcas se prolonguem na adolescência e até na vida adulta, influenciando relações afetivas e escolhas profissionais.

Quando a criança encontra espaço para falar, algo já começa a se transformar. Por isso, o papel dos pais não é apenas o de agir, mas também o de escutar — e escutar verdadeiramente. Isso significa oferecer um ambiente de confiança, onde o relato não seja interrompido por julgamentos ou frases que diminuam a dor, como “não ligue para isso” ou “é só ignorar”. É preciso reconhecer o que ela sente, validar a tristeza, a raiva, o medo. Não se trata de estimular a vitimização, mas de acolher para que ela possa encontrar recursos internos para lidar com a situação.

Ao tomar conhecimento do bullying, é fundamental dialogar com a escola, buscar compreender o que acontece e, se necessário, acionar a coordenação para medidas concretas. Sempre que possível, proteger a criança de exposições desnecessárias. Registrar datas, relatos e provas ajuda, caso seja preciso recorrer a medidas formais. E considerar o apoio psicológico é um passo importante: um espaço terapêutico pode ajudá-la a elaborar a experiência, fortalecer a autoestima e ressignificar a dor.

O combate ao bullying não é tarefa de uma pessoa só. É uma construção que envolve a família, a escola e a comunidade. Participar ativamente de reuniões, conversar com outros pais, apoiar programas de prevenção e incentivar o respeito às diferenças são atitudes que fortalecem o tecido social da escola e reduzem a tolerância à violência.

Cuidar agora é prevenir o futuro. Cada gesto de escuta e acolhimento é uma mensagem clara para a criança: ela não está sozinha e merece respeito. Essa certeza, recebida no momento certo, pode ser decisiva para que a experiência dolorosa não se torne uma sombra permanente.

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